Um testemunho eloqüente e singular está sendo dado pela professora Lícia Lustosa, da Escola Estadual Básica Anita Garibaldi, de Itapema, sobre o andamento da mobilização dos professores. Faz uma narrativa forte sobre visita a um bairro pobre de sua cidade. É longo, mas merece leitura:
“Gostaria de partilhar com vocês, a experiencia que vivi hoje 26/05 pela manhã.
A minha escola EEB Anita Garibaldi(Itapema), se propos a “panfletar” uma cartinha aos pais e comunidade para dizer por que continuamos em greve. Nos dividimos em grupos e eu a professora Priscila e mais duas alunas fomos para os bairros mais afastados de Meia-Praia. A aluna Natalia (que era minha guia) sugeriu que fizessemos o caminho do ônibus escolar. E Começamos pelo bairro Praia-Mar. No inicio um bairro simples que se revelou ao longo da minha caminhada a mais verdadeira AULA de cidadania.
Conforme ia caminhando ruas a dentro, a pobreza, a miséria, iam se revelando. Passava pelas casas dos “MEUS” ALUNOS entregando as cartinhas as pessoas (muitas não sabiam ler) e explicando o porque não voltamos a dar aula, que estamos lutando para que todos os professores recebam o piso e não só alguns. As pessoas me olhavam admiradas, talvez por não entender o porque que a professorinha saiu lá do bairro nobre da Meia- Praia (bairro dos turistas) e foi dar explicações a eles. Mas também com sorriso nos olhos de se sentirem importantes, por tal explicação. Quando nos perguntavam quanto nós ganhávamos, ficaram espantados por não termos ido antes as ruas. E nos diziam que um pedreiro ganha mais do que a gente. A receptividade das pessoas foi algo que em palavras não dá pra descrever. Foi a maior lição que EU uma professora de Artes Visuais, VI EM TODA MINHA VIDA. Já andei por muitos lugares pobres, mas não com os olhos de educadora. E percebi que nós professores, não temos ido até nossos alunos. Reclamamos que os pais não vão a escola, mas nós também não vamos até a comunidade. Se essa GREVE serviu para alguma coisa, certamente foi para mostrar quanto precisamos ser mais humanos e falar das nossas aflições, angustias, tristezas e preocupações. Que sozinhos somos fracos e impotentes mas juntos somos forte e valentes. E que para construir um País DIGNO é preciso muito mais que bons salários e boas escolas. É preciso Gente humana que vê de verdade o próximo!
Professores, não deixem de ir as ruas e explicar a sua comunidade o que está acontecendo na sua escola. Vale a pena!
Abraços e “lágrimas” a todos, Lícia Lustosa-Profa. Artes Visuais-EEB Anita Garibaldi – Itapema/SC.”
“Gostaria de partilhar com vocês, a experiencia que vivi hoje 26/05 pela manhã.
A minha escola EEB Anita Garibaldi(Itapema), se propos a “panfletar” uma cartinha aos pais e comunidade para dizer por que continuamos em greve. Nos dividimos em grupos e eu a professora Priscila e mais duas alunas fomos para os bairros mais afastados de Meia-Praia. A aluna Natalia (que era minha guia) sugeriu que fizessemos o caminho do ônibus escolar. E Começamos pelo bairro Praia-Mar. No inicio um bairro simples que se revelou ao longo da minha caminhada a mais verdadeira AULA de cidadania.
Conforme ia caminhando ruas a dentro, a pobreza, a miséria, iam se revelando. Passava pelas casas dos “MEUS” ALUNOS entregando as cartinhas as pessoas (muitas não sabiam ler) e explicando o porque não voltamos a dar aula, que estamos lutando para que todos os professores recebam o piso e não só alguns. As pessoas me olhavam admiradas, talvez por não entender o porque que a professorinha saiu lá do bairro nobre da Meia- Praia (bairro dos turistas) e foi dar explicações a eles. Mas também com sorriso nos olhos de se sentirem importantes, por tal explicação. Quando nos perguntavam quanto nós ganhávamos, ficaram espantados por não termos ido antes as ruas. E nos diziam que um pedreiro ganha mais do que a gente. A receptividade das pessoas foi algo que em palavras não dá pra descrever. Foi a maior lição que EU uma professora de Artes Visuais, VI EM TODA MINHA VIDA. Já andei por muitos lugares pobres, mas não com os olhos de educadora. E percebi que nós professores, não temos ido até nossos alunos. Reclamamos que os pais não vão a escola, mas nós também não vamos até a comunidade. Se essa GREVE serviu para alguma coisa, certamente foi para mostrar quanto precisamos ser mais humanos e falar das nossas aflições, angustias, tristezas e preocupações. Que sozinhos somos fracos e impotentes mas juntos somos forte e valentes. E que para construir um País DIGNO é preciso muito mais que bons salários e boas escolas. É preciso Gente humana que vê de verdade o próximo!
Professores, não deixem de ir as ruas e explicar a sua comunidade o que está acontecendo na sua escola. Vale a pena!
Abraços e “lágrimas” a todos, Lícia Lustosa-Profa. Artes Visuais-EEB Anita Garibaldi – Itapema/SC.”
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