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sábado, 18 de junho de 2011

DEPOIMENTO DE UM PROFESSOR

Senhoras e Senhores,

Faz trinta dias de greve, durante este mês vimos e ouvimos de tudo. Para pontuar historicamente, coisa de professor acostumado e conhecedor que sem uma análise criteriosa dos acontecimentos não existe como avaliar adequadamente os fatos, então vamos lá:
a)      Em 11/05/2011, Dia Nacional de Paralisação em Defesa da Educação Pública, nos reunimos em Florianópolis (Clube 12) mais de 1.500 educadores da rede pública estadual decidiram por solicitar conversações ao governo para que este apresentasse proposta de pagamento do Piso do Magistério (lei 11.738/2008) além de outras reivindicações. O prazo para manifestação do poder público estadual seria até 18/05, para que a categoria em assembléia decidisse os rumos do movimento.
b)      As 11:00h de 18/05 o governo mandou um fax para os dirigentes do SINTE/SC informando que entendia o piso como remuneração total, e portando somente iria complementar os salários dos que não recebessem este valor. Não houve audiência com o governo, a primeira das muitas trapalhadas da tão “competente” secretaria da educação.
c)       As 14:00h de 18/05 cerca de 10.000 educadores estaduais, reunidos no Centro de Convenções de Floripa, ouviram a resposta do governo e unanimemente decidiram por greve por tempo indeterminado.
d)      Em 20/05 o governador vai para a falida Europa tentar fazer negócios, melhor dizendo, distribuir subsídios para a instalação de fábricas no nosso Estado. Deixou para solucionar os problemas com os professores o Sr. Pinho Moreira, que juntou-se ao Sr. Tebalde e ao Sr. Deschamps. Esta tríade, não sei porque me remete aos três patetas,  caprichou, trabalhou no final de semana e protagonizou a maior piada deste governo.
e)      Em 23/05, os três Patetas defensores da educação catarinense, lançaram a Medida Provisória 188/2011, que destruiu com o plano de carreira do Magistério Catarinense. Novamente não houve negociação, os “patetões” receberam o SINTE/SC e mostraram a MP que fazia com que um educador com ensino médio tivesse rendimento maior que alguém com curso superior. Dá para acreditar que um vice-governador, um secretário da educação e seu assessor teriam tamanha “inteligência”?
f)        A reação da comunidade catarinense foi imediata, todos ficaram perplexos e muito envergonhados. A administração pública estadual apresentava uma lei onde desvalorizava a qualificação profissional. Nem precisou chamar assembléia para isso, somente foi rejeitada esta imposição.
g)      Ai chegou nosso governador e assumiu as negociações, quer dizer assumiu só na imprensa, na mesa quem negociava era só o assessor. De pronto, mandou uma proposta que mantinha a destruição da carreira, continuando a desvalorizar a qualificação profissional e ainda, para ajudar a trapalhada, retirava conquistas históricas da categoria (regência de classe). O trio trapalhão virou quarteto atrapalhado, sai de cena os três patetas e assumem os holofotes um cover sem entusiasmo dos trapalhões (Colombo, Pinho Moreira, Tebalde e Deschamps).
h)      Prometeram aos iniciantes e não qualificados que receberiam já no mês de maio, estes seriam os mais beneficiados da tabela apresentada. Claro que os trapalhões sem talento não conseguiram manter esta promessa. A direção do SINTE/SC chamou nova assembléia para 09/06, com alguns dirigentes sindicais até pensando em parar a greve.
i)        Em 09/06 mais de 15.000 educadores repudiaram de forma unânime a proposta governamental e propiciaram o maior ato da categoria em sua história. Deixou-se claro que a proposta do governo que tentava desarticular a categoria não surtiu o efeito desejado, muito pelo contrário propiciou mais unidade e vontade de lutar.
j)        Em 15/06 após a ultima reunião, agora somente com parte dos trapalhões, houve o ultimato, caso não voltem serão descontados, vão ver só e etc, etc.... Os trapalhões agora ficaram bravos.
k)      Em 16/06, pasmem os trapalhões descobriram que a MP 188/2011 é ilegal. Para mudar a tabela salarial do magistério não poderiam usar Medida Provisória teria que ser um projeto de lei complementar (PLC).
l)        Até esta data (18/06) não sabem o que vão fazer. Assinaram uma Medida Provisória que não pode valer, prometeram uma tabela que não podem pagar e dizem que vão descontar o que não podem descontar, pois até o momento a greve não está sendo considerada ilegal.
m)    Mais uma trapalhada do quarteto, pelas estatísticas da própria Secretaria de Educação 65% dos profissionais estão em greve, eles vão descontar algumas faltas de cerca de 27%. Ainda bem que este estado tem professores competentes, pois se esperar pela secretaria de educação, a coisa fica difícil.

É pessoal, realmente este quarteto é digno de filme, que pena que este filme não é ilário, mas extremamente triste e vergonhoso. Triste por estar sendo protagonizado num dos estados mais ricos do Brasil onde o dinheiro do FUNDEB está a muitos anos sendo desviado. Vergonhoso por observar tamanha incompetência administrativa por quem deveria cuidar da educação no Estado.
Por último senhores(as), é possível acreditar em algo que estes governantes podem prometer?
Que a greve continue até que nossas reivindicações sejam adequadamente cumpridas, pois sem dúvida é um governo que não merece crédito nem confiança.  

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